Montesclareou: novembro 2009

Páginas

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Transporte do futuro

(Uma resposta para Thaís Dias, uma garotinha de apenas 10 anos que se preocupa com o futuro de sua cidade. Jornal eletrônico montesclaros.com Mensagem: 52194)


Hoje em dia o trânsito é um vilão nas cidades de médio e grande porte, salvo raras exceções. Tudo isso é porque as cidades foram e devem ser planejadas para as pessoas, não para os carros. As ruas do centro de Montes Claros, por exemplo, têm as mesmas larguras de 100 anos atrás quando nelas ainda circulavam, pessoas à cavalo ou em carros de boi. Com o progresso, aumentam-se o número de carros mas não se vão enlarguecendo as ruas. Conclusão, ficamos estressados ao volante.
O carro neste caso, deixa de ser um veículo de transporte e passa a virar uma arma. Pessoas dentro de um carro são capazes de mostrar um comportamento completamente agressivo, ficam mais valentes ou mais covardes. Assim como àqueles com arma em punho. Dentro de um carro, somos capazes de matar ou morrer.
Soluções encontradas nas metrópoles “evoluídas” foram: fechar ruas para os pedestres, favorecendo assim mais ao comércio local; criar ciclovias, que em muitos casos são restringir ou até mesmo proibir a circulação de outros veículos motorizados; aumentar e melhorar o transporte público e investir na reeducação dos motoristas. Precisamente nesta ordem.
Portanto, aquele ou aquela que compra uma bicicleta, está comprando um veículo do futuro. Economizando assim muito dinheiro, com gasolina, estacionamento, IPVA, peças de manutenção, mecânico, etc. Além de estar contribuindo para o futuro do nosso planeta, não poluindo, acaba contribuindo também para a sua própria saúde física e porque não dizer também para a sua saúde mental, por que não haverá mais o estresse de dirigir ou pilotar.
E para finalizar gostaria de comentar duas coisas: a primeira é que no Japão educação viária começa aos 4 anos de idade. E lembro-me de um fato que repetia constantemente e que sempre me marcou, foi ao ver as crianças japoneses querendo atravessar uma avenida movimentada, ela estende o braço com a mão para o alto, ai de repente todos os carros de ambos sentidos param, ela atravessa a rua e ao chegar ao outro lado, abaixa a mão e se curva, fazendo a reverência japonesa de agradecimento. E a segunda é que o autor desta crônica, hoje trabalha como “pushbiker courier” ou seja, faz entregas pedalando uma bicicleta e percorre todos os dias da semana aproximadamente 70km pelas ruas de Londres e a minha saúde agradece. Pense nisso Thaís.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Somos talibãs?

Nota: Ao usar o termo talibã não me refiro exclusivamente aos termos do movimento islamista extremista e sim a todo e qualquer tipo de fundamentalismo.

Dois fatos tristes marcaram minhas últimas semanas. Uma delas foi um link que recebi de um video onde mostra uma menina supostamente israelita sendo filmada e espancada até a morte por um bando de covardes. O motivo não se sabe ao certo, acredita-se que foi por não estar “vestida adequadamente” como manda as leis locais, mas poderia ser o namorado de outra religião? Traição? Namoro escondido? ou qualquer outro motivo de “diferença”.

Prefiro não repassar aqui o link, que é de causar nojo e vergonha a qualquer ser humano que preza pela vida e que luta por direitos de liberdade. Mas também não podemos fechar os olhos para estes tipos de barbáries em pleno século XXI. E muitos poderiam dizer: mas o oriente médio está tão longe. E outros ainda poderiam perguntar: onde fica israel mesmo? “Aquele que nunca teve um cisco no olho, não se preocupa tanto em soprar o cisco do olho do vizinho”.

A outra notícia que também me deixou muito entristecido foi o caso da aluna Geisy Arruda. Ela felizmente não teve o fim trágico da morte. Mas esteve perto! E o que seria pior, antes de ser morta seria estuprada. Mais uma vez demonstrando os atos de covardia e selvageria. Mas o problema não para por aqui, este “quase assassinato “ estaria sendo cometidos por estudantes universitários e pasmem com o consentimento de professores e diretores da instituição.

Geisy não foi a primeira e também pelo que vemos não será a última. Assim como a menina acima que ousou a cumprir leis autoritárias, Geisy também ousou em ser diferente. E ficamos revoltados quando vemos alguém falando ou agindo diferentes de nós. Tememos o diferente, o desconhecido. E na primeira oportunidade: atacamos. E geralmente atacamos em tres vias: ou chamamos a pessoa de V..., P... ou Filho(a) da P...

Somos assim, ainda conservamos os nossos instintos animalizados. É a nossa luta constante contra nós mesmos. Somos “demônios” aspirando a ser “deuses”. E aqueles que estão mais próximos desta conquista, não vê outra forma de maior renúncia e sacrifício do que a própria morte. E acabam por ser transformarem em mártires pelos seus próprios inquisidores.

Parabéns Geisy por nos mostrar que nossas instituições de ensino fundamental, médio e superior precisam ser revisadas. Afinal de contas você saiu vitoriosa, quem vai querer um canudo UNIBAN? Espero que outros alunos tomem também outras atitudes o mais depressa possivel, afim de, assim como você, receber a “carta de salvação”.