Montesclareou: outubro 2013

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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Crise na saúde pública de Montes Claros. A população é quem deverá ganhar essa guerra.


Venho ultimamente acompanhando certas notícias de Montes Claros através do grupo Ocupa a Câmera – Montes Claros, no Facebook, e pelo que venho observando parece que se estabeleceu uma espécie de guerra na saúde, envolvendo os hospitais de Montes Claros e a Prefeitura. O pior de tudo neste tipo de guerra, é que é o povo quem mais sofre, as vezes pagando com a própria vida, já que muitos não podem nem sequer pagar uma consulta ou tratamento particular.

Um outro participante deste grupo e que é também vereador de Montes Claros, Eduardo Madureira, publicou o link de um vídeo sobre a rejeição do pedido de investigação de improbidade administrativa que investigaria o prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz. Eduardo Madureira chegou a fazer a seguinte pergunta: “Porque a maioria dos vereadores não querem a investigação, prestando um desserviço à população montesclarense?” Acreditamos que seria interessante que maiores esclarecimentos fossem dados à população de Montes Claros.

Mas algumas coisas me chamaram a atenção em relação ao vídeo. Estaria o prefeito, Ruy Muniz, totalmente equivocado? Pergunto: estaria ele agindo fora da lei? Se ele tem respaldo na lei para fazer o que vem fazendo então deveríamos passar a olhar pelo o outro foco da nossa “lente de observação”. Vou tentar fazer isso agora, mas primeiramente vou limpar os dois lados da minha lente da imparcialidade, a fim de tentar poder enxergar as coisas de forma mais clara e melhor.

Não é de hoje que têm havido denúncias contra as indústrias farmacêuticas, mas recentemente várias destas denúncias têm conseguido ganhar maior destaque ao redor do mundo. Uma das pessoas que vem fazendo denúncias contra a má ciência, os maus médicos, a má saúde pública e os esquemas bilionários que envolvem as indústrias farmacêuticas é o escritor e psiquiatra britânico Ben Goldacre. Ele é autor do livro “Bad Science”, que em português do Brasil foi traduzido para “Ciência Picareta”. Foi ele também o autor da palestra “O que os médicos não sabem sobre as drogas que prescrevem” realizada pela TEDMED. Este vídeo, traduzido em português, estará no final deste artigo.

Portanto, se na indústria farmacêutica as pesquisas realizadas têm como critério o lucro e não a saúde, será que não é hora de perguntarmos se o poder desta indústria não estaria também infestando os hospitais de Montes Claros, comprando e corrompendo médicos e diretores de hospitais, e assim contribuindo para agravar ainda mais a já precária saúde do povo norte mineiro?

Penso que a população deve ficar também atenta para este fato que acabo de relatar. Se a saúde está precária para o povo, pode ser sim que recursos estejam sendo desviados por esquemas envolvendo nossos políticos. O que não seria nenhuma novidade. Mas também pode ser que o mau serviço se dê também por parte de esquemas de suborno que certos médicos e diretores de hospitais estejam se submetendo. A saúde, ou melhor a falta dela, já virou um negócio muito lucrativo. E é preciso que acabemos com esta praga que nos tem ceifado muitas vidas.

As investigações devem continuar pelo bem da população. Nesta altura do campeonato o que não pode haver é um abafamento do caso, como geralmente costuma acontecer quando se mexe muito na carniça e o cheiro costuma “apestar” longe, que no bom português significa feder além da conta. Caso a saúde para a população mais carente não melhorar e também não for falado mais nessa polêmica, então é porque provavelmente existe ai um forte indício de que houve algum tipo de acordo de camaradagem, e que é, claro, um acordo desleal para a população.

No final do vídeo, indicado por Eduardo Madureira, a apresentadora do jornal disse que “segundo a assessoria da Prefeitura, os recursos não estariam sendo repassados porque os hospitais não estão cumprindo os contratos com o município” e no entanto, quando a equipe da mesma reportagem procurou o responsável da Santa Casa para falar sobre o caso, a assessoria do hospital disse que “o responsável não se encontrava na cidade para comentar sobre o assunto”.

Seria bom que a saúde pudesse voltar a reinar de forma soberana nos hospitais e nos postos de saúde de Montes Claros, nem que para isso fosse preciso ser expulsos prefeitos, vereadores, deputados, enfermeiros, farmacêuticos, médicos, diretores de hospitais e o pessoal, também sem escrúpulo algum, das indústrias farmacêuticas. A ferida foi aberta e apenas estou colocando um dedo nela. Espero que a população continue revirando esse assunto, para que o vento possa espalhar o mal cheiro e somente assim é que poderemos localizar e enterrar de vez essa “carniça” que está incomodando e matando o povo de bem e a população mais carente de Montes Claros.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Certos políticos e empresários constroem fortalezas para se protegerem do povo

Na idade média os feudais construíam fortalezas para se protegerem, proteger o rei, sua família, seus bens, etc. Hoje temos um novo sistema, o capitalismo, que veio substituir o feudalismo, antiga organização social e política da Europa, que era também conhecida como “A Idade das Trevas”. O capitalismo teve uma melhor aceitação global, passando a ser o sistema dominante da maioria dos países hoje em dia.

Mas se repararmos bem, certas peculiaridades do sistema feudal foram simplesmente transferidas para o capitalismo. No sistema feudal existiam os nobres, que eram os coletadores de impostos, existia o clero, que não pagava impostos e ainda recebia uma fatia de dez por cento em troca de proteção espiritual e tinham os servos (que também podemos chamar de escravos), que pagavam todas as taxas e tributos (os impostos de hoje), tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal).

Hoje vivemos na doce ilusão de que os tempos são outros e de que a escravidão foi extinta. Se Tim Ferriss estiver certo, como ele demonstra em seu livro Trabalhe 4 horas por semana, então nós estamos trabalhando 5 dias nas “terras do nosso senhor feudal” e não 3 ou 4 como era comum no outro tipo sistema escravo. No atual, além de continuarmos pagando altas taxas por tudo, ainda acabamos sendo convencidos, via publicidade e muito lobby, a comprar aquilo que não queremos nem necessitamos e o que é pior, pagamos caro para nos alimentar com uma comida de péssima qualidade, que nos irá fazer mal, que irá debilitar nosso corpo causando-nos inúmeras enfermidades, para depois pagarmos por uma promessa de possível cura.

No sistema feudal, quando os servos começaram a se darem conta das enormes injustiças na qual eles eram submetidos ( isso quando eles tinham a possibilidade de reunir e discutir seus problemas, já que na maioria das vezes essas reuniões aconteciam na surdina, na calada da noite), o povo começou a se juntar e pressionar os seus senhores feudais. Se a pressão fosse muito forte e feita de forma coordenada, a nobreza se via encurralada, tentando passar a falsa impressão de que estaria protegida por detrás das muralhas da fortaleza. E era só uma questão de meses, para que esta nobreza, que estava presa dentro do seu próprio castelo, começasse a sofrer com escassez de comida, água e outros mantimentos.

No sistema atual, a fortaleza, a muralha que protege os “nossos nobres”, são as leis criadas por eles. Criam-se leis aqui, fazem emendas de outras leis acolá. Tudo como uma forma de protegerem seus bens pessoais, de suas companhias e de suas famílias. Mas igual que no sistema feudal, nenhum nobre (empresário, banqueiro, político, polícia) do sistema atual conseguiria sobreviver por muito tempo com uma pressão forte e coordenada dos servos (trabalhadores consumidores e pagadores de impostos). A fortaleza desses nobres acabariam por ruir, pois não é baseada em leis justas.

A internet vem sendo um aliado muito importante para os servos atuais, pois ela favorece a troca de ideias e de informações com outras pessoas ao redor do mundo. Hoje, em questão de poucas horas, uma informação chega a ter mais de um milhão de visualizadores. Recentemente novos movimentos começaram a surgir com a ajuda da internet e em questão de dias foi possível reunir milhões de pessoas nas ruas do Brasil. Os nobres atuais sentiram o impacto desses movimentos, podendo perceber a força de um povo unido. E para dispersar esse povo unido, tiveram que usar a sua arma mais letal: a mídia, a pena que fere e mata sem pena e sem dó. Porque eles sabem que somente a força física não é capaz de controlar esse povo. Não controlou no passado e não vai controlar agora. Mas a mídia pode controlar e conduzir multidões, igual que uma manada de bois é conduzida para o matadouro.

O povo irá novamente se libertar de mais um sistema que foi criado para conduzi-los cegamente pela vida. Mas primeiramente esse povo deverá identificar quem são os nobres. Antes era muito mais fácil de identificá-los, hoje parece ser mais difícil. Eles, os nobres, tiveram que criar modernos disfarces para não serem descobertos. É um erro, por exemplo, pensar em divisões dentro da política. Isso seria como pensar em uma disputa entre a Skol e a Brahma. Não devemos pensar, enquanto falamos de política, em direita ou esquerda, em partidos ou siglas. Uma pessoa, por melhor intenção que ela tenha antes de entrar para a política, uma vez dentro desse sistema político que não foi foi criado por ela e sim por um grupo de “pessoas nobres”, acabará por ter que obedecer as regras do jogo ou sair dele de um jeito ou de outro. Se uma pessoa resolve entrar para lutar contra o atual sistema político, pode ser que passe todo o seu mandato apenas brigando com os “opositores”. E no final acabará terminando o mandato como sendo um mau político, que de tanto brigar acabou nada fazendo para o povo que acredita que o elegeu.

Igual que no sistema feudal, é o povo quem alimenta, dá de beber, veste e arca com toda a extravagância desses nobres. Eles não são capazes de dar um passo sem o nosso consentimento. Na verdade os sistemas por eles criados só funcionam com o nosso apoio e permissão. Mas ilusoriamente pensamos ser o contrário. Se o povo parar de financiá-los e promovê-los, o sistema deles param também e eles simplesmente deixam de existir, não havendo mais lugar para se esconderem. E é por isso que as revoltas populares têm se intensificado ao longo destes últimos anos. Como disse, estamos nos comunicando mais, trocando mais informações e também aprendendo mais. Aos poucos os povos vão identificando quem são estes nobres, quais são os canais usados por eles para intermediarem com estes povos. E assim esse povo passará a não escutar mais as mídias controladas pelos nobres e nem a ouvir os seus legítimos representantes: que são os políticos, que supostamente eram para representar os interesses do povo. Assim, finalmente estamos aprendendo que não é o povo quem escolhe e sim é o sistema que diz quem entra e quem sai. Os povos devem ter o seu próprio sistema: criado por eles, comandado por eles e voltado para eles.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Um Agente de Limpeza é na verdade um Agente de Saúde, pena que os dirigentes da ESURB de Montes Claros não se deram conta ainda



No dia 21 de Outubro se comemorou o dia dos agentes de limpeza, também conhecidos como garis. São graças a estes agentes que as nossas ruas se tornam mais transitáveis, com menos poluição visual da sujeira que vai se acumulando caso estes agentes cheguem a faltar. Com o seu trabalho nobre, eles afastam de nós o mau cheiro e as moscas, evitam também que mais ratos sejam atraídos para junto do nosso convívio. Talvez eles só não conseguem afastar os ratos que infestam a nossa política. Talvez. Essa profissão deveria ser comparada com a da medicina, pois ambas têm uma relação direta com a nossa saúde. Enquanto uma cura, a outra previne.

Infelizmente em Montes Claros pouco ou nada teve que comemorar nesta data e para muitos ela passou desapercebida. O serviço de coleta de lixo e de limpeza urbana, assim como outros serviços, pertencem agora exclusivamente à ESURB (anteriormente a ESURB dividia as tarefas com outras empresas num regime misto, pelo que pudemos apurar), que era comandada por Leonardo de Andrade e este agora vem ocupando a Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura. Podemos dizer que a falta de comemoração parte de dentro da própria ESURB, de seus funcionários que põem a mão no serviço mais pesado.

Conforme pode ser observado nas fotografias anexadas, os funcionários da ESURB vêm trabalhando em condições desumanas. Faltam-lhes o básico do básico, que são os Equipamentos de Proteção Individual (EPI). E se isso por si só já não bastasse como forma de impedir a continuidade dos trabalhos, que deveriam ser executados por estes dignos trabalhadores de forma também digna, eles ainda têm que novamente colocar suas vidas em risco, e também a vida da população, ao dirigir caminhões que muitos alegam faltar freios, outros dizem faltar pedal do acelerador e também as luzes de iluminação e sinalização. O problema só não é mais grave porque alguns funcionários chegam a custear parte do material faltante do próprio bolso, para assim poderem conseguir trabalhar, com um pouco mais de dignidade e de forma, digamos, menos arriscada.

Quando fizemos um curso de eletricidade, no Colégio de North West em Londres, praticamente ficamos a metade do ano, ou seja seis meses aprendendo sobre Saúde e Segurança do Trabalho (Heathy and Safety, em inglês). Aprendemos desde o uso correto para cada tipo de extintor até a forma correta de inspecionar e posicionar uma escada na parede. Aprendemos que o Equipamento de Proteção Individual, não era um simples uniforme e nenhum aluno teria acesso às aulas nos laboratórios sem a presença deste equipamento. Qualquer trabalhador no Reino Unido é treinado para denunciar a empresa na qual trabalha, quando esta não cumpre com algum dos requisitos que lhes são obrigados por lei. O trabalhador faz a denúncia e fica em casa descansando e recebendo, até que a empresa normalize a situação que lhe compete.

E isso faz todo sentido. Porque prevenir é o caminho, por ser mais prático, mas econômico, mais higiênico, mais saudável e por evitar maiores transtornos. Mas em Montes Claros, observando a situação da ESURB (e com certeza que deve também ocorrer em outros setores públicos e privados) vemos que as pessoas que estão por detrás desta empresa vêm preferindo remediar do que prevenir. E diferentemente do que acontece na Inglaterra, onde o funcionário que denuncia algo que acontece de errado dentro da empresa na qual ele trabalha não é visto como um “caguete” ou “dedo duro” e sim como um aliado desta empresa, pois este funcionário estaria evitando que ela pagasse indenizações milionárias ou contribuindo para o não fechamento da empresa, mas em Montes Claros parece que se um funcionário da ESURB denuncia a sua insalubre situação de trabalho, ele acaba sofrendo ameaças e perseguições.

Esperamos que o presidente da Câmera de Montes Claros, Dr. Antônio Silveira, possa nomear três competentes fiscais para fiscalizar os serviços prestados pela ESURB. Esperamos que estes fiscais possam trabalhar de forma isenta e que possam também ser treinados para fazer uma fiscalização com olhos mais abertos e temos a certeza de que muita coisa deverá vir à tona. Com tudo isso que acabamos de descrever, não estamos querendo sugerir que os recursos públicos possam estar sendo desviados, mas devido a essa falta de respeito que vem ocorrendo com os funcionários da ESURB, que não recebem uniformes nem Equipamentos de Proteção Individual, há um forte indício de que as coisas e as contas não andam batendo muito bem por lá também. É preciso haver uma investigação mais séria e uma maior abertura para se ouvir as queixas dos funcionários. Vamos prevenir, para não termos que ficar choramingando, remediando e tapando buracos, aqui e acolá, a vida toda. O povo montesclarense não merece continuar nesse atoleiro de procedimentos descabidos e irresponsáveis.

Tenho convicção de que o problema pela qual a ESURB vem passando nos últimos anos possa ser em breve uma página do passado da nossa história. Quem sabe um dia Montes Claros não volte a ser uma cidade limpa e bem cheirosa, sem os “ratos” que roubam a nossa merenda escolar, nem aqueles que pululam os nossos esgotos a céu aberto. Quando este dia chegar, talvez não consigamos distinguir entre a bata de um médico e o uniforme de um agente de limpeza. E gostaria de relembrar mais uma vez que tanto o médico quanto o agente de limpeza tem a função de nos salvar a vida. Esta é a minha pequena homenagem, ainda que tardia, a todos estes nobres seres cujo trabalho é deixar as nossas cidades mais limpas e mais cheirosas.