Recentemente vi um pequeno vídeo no Youtube, do senhor Luiz Carlos Prates, comentarista do SBT, onde ele dizia sobre a pedagogia da cinta. Automaticamente me identifiquei com seu comentário, porque fui muito travesso quando pequeno. Mas para cada estripulia que fazia, geralmente minha mãe tinha a panacéia certa, como o cipó de fedegoso (Cassia occidentalis). Não sei se era por causa das propriedades dessa planta em contato com minhas canelas, que posso citar algumas como analgésica, anti-reumática, anti-séptica e anti-inflamatória, só sei que sempre funcionava comigo. Me tranquilizava. Era um "santo remédio terapêutico". Também tive que frequentar, algumas vezes, as "sessões terapêuticas do corrião de couro". Esse sim, um verdadeiro mestre. Também conhecido, em outros estados, pelo nome de cinta, que o Carlos Prates citou. O lado bom dessas “sessões”, era que elas funcionavam muito bem e que meus pais nunca precisaram gastar um tostão.
Hoje poucas crianças conhecem esse tipo de terapia. Muitas são tratadas com remédios caríssimos ou com sessões infindáveis em consultórios particulares. Isso quando os pais têm recursos para arcar com tais despesas. Minha mãe tinha a "medicina" para os meus males no quintal de casa, detrás da porta da cozinha, outras vezes o "remédio" era carregado na cintura do meu pai. Mas esses jovens de hoje, que são tratados com remédios caríssimos ou em clínicas particulares, para saber a diferença entre mutamba e pitomba ou entre arruda e cansanção, tem que fazer universidade, muitas vezes particular também. Por isso que gosto sempre de frisar: nada substitui a experiência. Mas seria bom que nossas experiências fossem devidamente bem orientadas. Ainda que, também, possamos aprender com os nossos erros. Mas o ideal seria tentar errar o menos possível.
Não conhecendo o corretivo básico, que deve ser ministrado na hora certa, muitos acabam se tornando seres sem a noção verdadeira do viver. Já dizia uma frase bem antiga “tudo posso, mas nem tudo me convém”. Portanto, é preciso que ensinemos aos nossos jovens, o que é que nos convêm para um viver respeitoso, em harmonia. Nossos jovens carecem, hoje em dia, de valores morais. E valores morais se aprendem mais com exemplos do que com palavras. É, também, por isso, que esses jovens de hoje querem fazer de tudo, experimentar de tudo, não importando com as consequências. Um jovem que não foi corrigido a tempo, ou seja, moralmente falando, até antes dos 7 anos de idade, dificilmente se corrigirá ao longo de sua vida, a menos que consiga despertar dentro de si, com grande esforço, valores que estejam latentes.
Por isso mesmo, que muitos jovens criados sem pais, ou sem a presença moral dos pais, onde a obrigação que compete aos pais é delegada à outras pessoas, acabam querendo fazer de tudo. Faltam-lhes um bom modelo a ser seguido. Crescidos à base de Ritalina, logo se vêm pedindo uma dose maior de alguma outra droga. E assim, “como podem tudo”, essas crianças, agora já em fase adulta ou nem tanto, passam a tomar Rivotril. Uma triste situação que nos coloca como os maiores consumidores de remédios tarja preta do mundo. A essas mesmas crianças, órfãs de pais com condutas éticas, são oferecidos carros para passarem no vestibular. Mas o carro não é para ir para a faculdade e sim para frequentar os barzinhos e as baladas. Como essas crianças sempre tiveram um déficit de atenção na fase inicial de suas vidas, o problema acaba se arrastrando também na fase adulta. Daí o porquê deles quererem gritar para o mundo, para que notemos a sua presença. E chama mais atenção quem tiver a boca maior (medida aqui em polegadas) e maior potência de grito.
Portanto, essas crianças crescidas sem exemplos de moral nos lares, também verificam a falta de exemplo moral dos nossos governantes e, com isso, adquirem o senso de que tudo podem fazer, do jeito que bem entenderem, pois sabem que não serão importunados. Faltando policiamento na fase infantil e na fase adulta, esses jovens pintam o sete, usam e abusam da paciência de muitos. Policiar alguém, é conduzi-lo para o caminho do bem, da honra, do cumprimento dos deveres. Como sabemos, onde não impera a ordem, a desordem toma conta; onde não impera a paz, a violência é rainha soberana. Muitos de nossos governantes se comportam como alguns reis de antigamente, vendo tudo passivamente do seu trono, cercado por suas muralhas. Até o dia em que o povo se revolta, ultrapassando as barreiras, vencendo as muralhas e destituindo do trono, aqueles que queriam se fazer passar por reis. Pobres representantes que subestimam a força de um povo unido.
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