A
falta de água em Montes Claros é algo preocupante. E a tendência
vai só piorar. Essa falta de água já vem afetando várias
cidades vizinhas. Há duas
previsões tristes: 1) o Norte de Minas pode virar deserto nos
próximos 20 anos; 2) O IPCC divulgou ontem que a temperatura global
poderá subir cerca de 5
graus até 2100. Tudo isso
já está se confirmando.
E não podemos simplesmente ficar esperando melhorias vindas dos políticos.
Nem tampouco apenas esperar respostas da Copasa. Porque, ou eles não
sabem o que fazem, ou se sabem, não estão ligando a mínima.
O
problema da falta de água é fácil de entender. Mas para isso
precisamos primeiro saber como é que se “fabrica a água”.
Dinheiro não cai do céu e nem dá
em árvores. Mas a água
sim. A formação das nuvens está
numa estreita relação com as árvores.
Daí a importância de nos
protegermos, plantando mais árvores
e principalmente procurando conservar a floresta Amazônica, que é
responsável por grande parte da nossa chuva. Não há segredos e nem
há milagres nisso. É
tudo uma relação de causa e efeito.
E
o que temos feito? Ou seja, o que estamos fazendo para causar a falta
de água? Estamos fazendo tudo de maneira errada. Imagine uma
autoestrada com carros super velozes e você resolve dirigir na
contramão? Cedo ou tarde vai acabar acontecendo um desastre. Não é
mesmo? Pois bem, vamos aos fatos. Estamos desmatando no lugar de
plantar. Não somos capazes de proteger as matas ciliares de nossos
rios. Substituímos a mata nativa da nossa região por monoculturas e
isso nos dá a falsa
sensação de que temos florestas verdes. Essas falsas florestas
verdes, necessitam de água para poder fazer crescer plantas que irão
acabar em fornalhas, virando carvão, ou alimentando indústrias.
Uns dizem que cada eucalipto consome 30 litros de água por dia, mas
há outros que dizem que cada eucalipto chega a consumir 360 litros
de água por dia. Mesmo se consumisse 30 litros por dia, ainda assim
cada eucalipto estaria consumindo mais água que 3 pessoas que vivem
nas áreas críticas do
Norte de Minas.
Se
não bastasse todo esse problema que é a falta de água, tem outra
coisa coisa que preocupa ainda mais. É
a contaminação desta água. Imagine um rio onde todos os dias são
despejados nele milhares de litros de agrotóxicos. Imaginou? Agora
imagine este rio tendo sua capacidade de água reduzida pela metade,
mas com o despejo de agrotóxicos permanecendo estável. Consegue
visualizar o problema? Os agrotóxicos e herbicidas matam plantas e
toda uma vida de micro-organismos que vivem no subsolo. Então
estamos contribuindo para a desertificação do nosso solo. Outra
coisa que fazemos de forma errada é a aposta na pecuária. O
pisoteamento do gado causa a compactação do solo, que também
contribui para a degradação deste, junto com as máquinas
agrícolas.
Mas
nem tudo está perdido. É
possível fazer o processo inverso. Podemos sim conversar com nossos
políticos e com os técnicos responsáveis pelo abastecimento de
água. Mas e se eles desconhecerem a causa do problema? Não seria
então as medidas adotadas por eles apenas paliativas? Vejam bem, a
própria Natureza nos fornece as respostas. Precisamos observá-la
para poder entendê-la. As grandes barragens não resolvem nosso
problema. Veja por exemplo o que vem acontecendo com a barragem de
Janaúba. Perguntem-se: o que acontece com uma grande barragem quando
os rios secam e para de chover? A resposta é bastante óbvia:
as barragens neste caso não servem para nada. Talvez devêssemos
apostar mais nas barraginhas. E sabem porque? Porque as barraginhas
são vistas na Natureza. As vezes elas são construídas por troncos
de árvores que caem nos
rios, fazendo a água represar num determinado ponto. Mas também
podemos ver as barraginhas sendo construídas por animais, como o
castor por exemplo.
Portanto
precisamos agir já. Duas décadas passam muito rápido e não
queremos deixar para nossos filhos apenas pó e pedra. Também não
podemos permitir que outros tantos filhos morram de sede, como vem
acontecendo atualmente. Há
várias maneiras de ajudar o planeta. Você pode começar trocando o
carro por uma bicicleta. Você pode passar a comprar frutas e
verduras dos produtores locais e com isso ir incentivando-os a
produzir cada vez mais e sem agrotóxicos e sem intermediários.
Devemos dizer sempre a estes produtores que queremos consumir os
produtos orgânico deles. Comece por dizer aos gerentes de
supermercados que você está
deixando de comprar com eles porque eles ainda permanecem com a prática
primitiva e criminosa de embalar os produtos com sacolinhas de
plástico. No dia que esse
gerente começar a receber várias
visitas deste tipo por semana e ver as vendas caírem, aí
a coisa muda. A sacolinha ecológica não pode ser mais uma opção
dos supermercados. Ela tem que ser a única opção.
Nos
finais de semana, plante árvores.
Ajude os outros a plantar mais árvores.
Apoie quem já vem fazendo esse trabalho, seja financeiramente, com
um aperto de mão, com um sorriso, ou com um curtir no Facebook.
Informe a estas pessoas do bem (que são as plantadoras de árvores)
que você apoia e valoriza o trabalho delas. Exija mais parques e
mais áreas verdes na sua cidade, no seu bairro. Cobre isso dos seus
políticos, mas certifique-se primeiro de que o seu quintal não
esteja todo cimentado. E se estiver, que quebre um parte dele (se não
puder quebrá-lo todo) e deixe a terra respirar um pouco. Plante
árvores no seu quintal e
mostre que você é uma pessoa de respeito e que merece ser
respeitada. Precisamos educar o nosso povo. Comece falando com o
vizinho da importância de ter árvores,
não só nas calçadas mas
também nos quintais. Não devemos mais esperar. Devemos fazer a
coisa mais acertada por conta própria. Chega de culparmos os outros.